sábado, 25 de junho de 2011

VIII Congresso nacional da UBM

O congresso nacional da UBM, que ocorreu nos dias 10, 11 e 12 de junho, em São Paulo, elegeu a nova coordenação nacional da entidade. A nova executiva, que conta com 34 mulheres, sendo duas companheiras de Sergipe.



As 362 delegadas de todas as regiões do Brasil que participam do 8º Congresso da União Brasileira de Mulheres (UBM), na Praia Grande (SP), reelegeram Elza Campos para a coordenação geral da entidade. Desde a abertura do congresso, na sexta-feira (10), mulheres de diversos perfis e com trajetórias bastante diferentes constroem a unidade que marcou a plenária final em curso neste domingo (12).



Em uma plenária final repleta de propostas e encaminhamentos sobre a luta das mulheres brasileiras, Elza Campos foi eleita coordenadora geral da UBM e declarou: “estamos assumindo esta coordenação em um momento importante. Participaremos da eleição e queremos ter vereadoras, prefeitas, etc”. Elza valorizou também a mulher trabalhadora e afirmou: “a CTB é nossa irmã”. Em seguida, Elza destacou a diversidade presente ao congresso, com a participação também das mulheres jovens e das negras e fazendo referência à União de Negros pela Igualdade (Unegro), à União da Juventude Socialista (UJS), à União Nacional dos Estudantes (UNE) e à União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes). Confira o Manifesto do 8º Congresso da UBM ao final desta matéria.



A diversidade elogiada pela coordenadora geral Elza Campos se fez presente em diversos momentos do congresso e se expressa nas diversas ocupações, etnias, faixas etárias e escolaridade das delegadas.

Amplitude



Maria Isabel Corrêa é presidente do Partido Verde (PV) em Palmeira (PR). Aos 52 anos, a pedagoga, cantora e ambientalista milita na UBM desde 2003 e considera “imprescindível” participar do congresso.



“É um lugar onde a gente se encontra com gente do Brasil inteiro, além da riqueza teórica, isso tem uma riqueza cultural imensa, pois compartilhamos vivências e experiências de cada parte do país. É um lugar único para você descobrir as diversas faces de mulher. Todas as faces da mulher brasileira aparecem no nosso congresso da UBM”, emociona-se Isabel.



Para Isabel, as bandeiras relacionadas ao movimento ambiental aprovadas no congresso da UBM são de extrema importância, pois “a degradação que estamos vendo é resultado de uma visão capitalista e machista, que se dedica a explorar ao máximo”. Ela defende, ainda, a ampliação da base de atuação da UBM por meio da cultura: “temos que trazer as mulheres que trabalham com música, artesanato e todas as formas de arte. Trazer essa diversidade cultural para a UBM nos fará ter um salto qualitativo”, acredita a paranaense.

Mulher trabalhadora



Andréa Diniz é metalúrgica. Secretária geral do Sindicato dos Metalúrgicos de Betim, um dos mais fortes do país, esta mineira de 41 anos se orgulha de ser sindicalista. Este não é o primeiro congresso da UBM que Andrea participa. Segundo ela, esta participação é importante “pela necessidade das mulheres se encontrarem e discutirem nossa organização para nos fortalecer neste esforço político”.



Sobre a pauta do 8º Congresso da UBM, Andréa não tem dúvidas: “a principal pauta é o projeto nacional de desenvolvimento do ponto de vista das mulheres. Aqui debatemos qual é a nossa contribuição a esse debate. Acredito que temos conseguido politizar os encontros da UBM, saindo da exclusividade da pauta específica. Os debates deste congresso foram ricos, saímos daqui fortalecidas”.



Liberdade de orientação sexual



Outra ubemista que está em Praia Grande é a educadora social e militante do movimento LGBT Irene Freire, uma pernambucana de 42 anos. Irene afirma que veio ao congresso pensando em uma participação política mais efetiva na construção do novo projeto nacional de desenvolvimento, mas também para o fortalecimento do movimento LGBT, para ampliar o debate da laicidade do Estado e pela criminalização da homofobia. Para Irene, a bandeira mais importante que identifica neste fórum é a criação da rede de mulheres lésbicas da UBM, ou seja, uma frente LGBT da UBM. Para ela, o fundamental é “essa oportunidade que tivemos de construção de um documento com proposições para desenvolver ações afirmativas nas UBMs de todo o Brasil”.

Unegro e UBM



Cristina Rezende Maria deu um show, cantou e encantou no microfone instalado no bar do congresso, no sábado à noite. A nutricionista paulista de 49 anos atua na Unegro e na UBM. Segundo ela, sua atuação política vem de berço: “venho de uma família de mulheres fortes, atuantes, desde os meus antepassados, apesar da presença masculina forte do meu avô. Eu sempre fui combativa, questionadora, de gênio forte, desde pequena. Na adolescência, passei a integrar um movimento partidário de direita, levada por um tio. Depois participei da fundação do Conselho da Comunidade Negra. O movimento partidário não estava contemplando minhas expectativas e eu saí dele. Aí me graduei, conheci o movimento sindical e me filiei ao PCdoB, convidada pelo Jamil Murad. Em seguida saí candidata a vereadora em 2004 e em 2008. Na UBM já estou há uns quatro anos”.



“Para mim, o mais importante deste espaço é a troca de informações e experiências, isso nos fortalece”, declara Cristina, acrescentando que é fundamental combater o machismo dentro de casa.

Jovens mulheres



Com apenas 17 anos, Renata Leão assumiu há menos de dois meses a diretoria de comunicação da União Brasileira de Estudantes Secundaristas (Ubes) e mudou de Rio Branco (AC) para São Paulo. A jovem afirma que veio participar do congresso da UBM por conta do debate levantado dentro do movimento estudantil sobre as mulheres. “Esta questão não era muito debatida e a partir do momento que houve ampliação da participação da mulher na executiva da Ubes, começamos a discutir a mulher no espaço de poder”, declara. Para ela, participar da atividade na Praia Grande tem o sentido de conhecer mais o debate sobre a questão da mulher e representar o movimento estudantil secundarista dentro da UBM. Ela diz que considera importante debater a mulher nas escolas e quer se apropriar do debate sobre a luta feminista na juventude.



O que mais chamou a atenção de Renata foi a possibilidade de entrelaçamento de bandeiras educacionais com feministas: “achei legal a parte da educação não sexista, que traz bandeiras de luta dos 10% educação e 50% do Pré-Sal, que eu nunca achei que seria discutido aqui. Podemos utilizar esses recursos para financiar políticas para igualar a condição de homens e mulheres nas escolas, sejam professores ou alunos”.



Homens também aplaudem congresso

Esta integralidade das bandeiras feministas também impressionou outra pessoa presente ao 8º Congresso da UBM: Felipe Augusto de Oliveira, 21 anos, responsável pelo equipamento sonoro utilizado nos debates. Felipe é DJ, quer fazer faculdade de administração e ficou impressionado com a pauta do congresso: “o que vocês estão debatendo não é só para as mulheres, é para todo mundo”, impressiona-se Felipe. “Vocês estão falando de educação, direitos sociais, isso é para todos, não só para vocês”, elogia.



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