domingo, 4 de abril de 2010

Formada aliança mundial para acabar a violência doméstica contra a mulher

O homem precisa se sensibilizar e entrar na campanha para acabar com a violência doméstica contra a mulher. Esta é uma das principais conclusões do encontro realizado em Washington, DC, com a participação do Juiz de Direito Roberto Arriada Lorea, da Vara da Violência Doméstica de Porto Alegre.
Intercambiar experiências e visualizar ações conjuntas reuniu num mesmo lugar magistrados, empresários e representantes de entidades do Terceiro Setor de 16 países, de 8 a 11/3 para criar uma "Aliança global para o fim da violência contra a mulher". O Juiz Lorea viajou e participou do encontro a convite do Departamento de Estado dos Estados Unidos Unidos.
Além do Governo local, promoveram o seminário o Instituto Vital Voices e a Fundação para a Mulher Avon. Dentre os presentes, além do Governo americano, representantes do Egito, Jordânia, Argentina, China, Rússia, Colômbia, Índia, Brasil, Libéria, República Tcheca, Turquia, México, África do Sul, Congo e Cambodja.
Juiz Lorea no seu gabinete de trabalho
O magistrado fez parte da delegação brasileira formada ainda por representante do Ministério da Justiça e dos Institutos brasileiros Avon, Patrícia Galvão e Promundo. Considera o magistrado que a violência doméstica contra a mulher é um fenômeno mundial - "Todas as sociedades e culturas apresentam o mesmo problema", afirmou. "Talvez em sociedades mais desiguais se agrave a situação das mulheres, mas ela é ruim também em sociedades como as dos Estados Unidos ou as localizadas na Europa", disse.
Comparando a situação brasileira com outros países, o juiz observa que "a Lei Maria da Penha é uma legislação muito boa e bastante moderna e contempla o atendimento às mulheres de forma muito eficaz. O que se percebe é que em alguns países não há uma legislação específica e em outros há uma legislação, mas não há uma Vara ou uma Corte especializada, como no caso do Brasil - neste contexto internacional, estamos em um excelente caminho porque temos uma ótima legislação e começamos a implementar as varas especializadas". Contudo, continuou, "se observa também que há necessidade de maior implementação desta legislação e este é o nosso desafio".
O evento em Washington serviu para criar uma rede mundial contra a violência contra a mulher. "Temos que estar preparados para um aumento da demanda - a Vara da Violência Doméstica foi criada há dois anos e meio em Porto Alegre está com 10 mil processos e vai chegar a 20 mil processos facilmente".
O grupo chegou concluiu que é importante mobilizar os homens na prevenção da violência doméstica, conta. "Normalmente temos as mulheres sendo agredidas por companheiros do sexo masculino - casos diferentes têm números bem menores, como entre lésbicas, e este é um quadro mundial".
Já são 43 os Juizados no país, segundo dados recentemente divulgados pelo Conselho Nacional de Justiça. O Juiz Lorea comemora a criação pelo Estado de São Paulo de mais nove varas de uma vez só. “Seria importante que aqui no RS também se ampliasse o número de Varas porque uma Vara com 10 mil processos desta natureza não pode funcionar adequadamente – e quando aumenta muito a quantidade, a qualidade fica prejudicada”.
A Avon que é uma das entidades promotoras do encontro em Washington tem uma forte atuação no Brasil, relatou o magistrado, e é conhecida a campanha contra o câncer de mama. “Agora”, disse, “está se voltando contra a violência contra a mulher”. E será interessante porque a Avon tem mais de 1 milhão e 300 mil representantes no Brasil, o que por si só assegura impacto a qualquer programa que desenvolva.
A Secretária de Estado, Hilary Clinton, participou de um evento na programação. Durante um dia do seminário as atividades foram realizadas todas no próprio Departamento de Estado, correspondente no Brasil ao Ministério das Relações Exteriores.
O Juiz de Direito Lorea respondeu ainda as seguintes perguntas:
Pergunta - Violência sexual, violência doméstica e tráfico de mulheres – tudo está interligado. Como os países em geral têm enfrentado estas questões?
Juiz Roberto Arriada Lorea - Alguns países não têm varas especializadas em violência doméstica, mas tem tráfico de mulheres. Aqui no Brasil, no nordeste, este problema é notório. E estas realidades estão todas interligadas. Violência doméstica faz com que uma jovem, uma adolescente, saia de casa e pode acabar vítima de uma situação de tráfico de mulheres. Já é de se pensar em especializar alguma vara principalmente na região do Nordeste brasileiro.
Outra questão importante e consensual é que o enfrentamento a estas questões deve ser feito localmente. Por exemplo, podemos pensar em intervir na realidade de Porto Alegre, o que seria mais realista do que pensamos em situações nacionais, dada a diversidade de realidade. Claro que um primeiro enfrentamento pode ser nacional como uma campanha para os homens se engajarem, mas alguma intervenção mais eficaz e proveitosa deve ser pensada no local dos fatos. Nós refletimos sobre isso lá.

Formada aliança mundial para se opor à violência doméstica contra a mulher

O homem precisa se sensibilizar e entrar na campanha para acabar com a violência doméstica contra a mulher. Esta é uma das principais conclusões do encontro realizado em Washington, DC, com a participação do Juiz de Direito Roberto Arriada Lorea, da Vara da Violência Doméstica de Porto Alegre.


Intercambiar experiências e visualizar ações conjuntas reuniu num mesmo lugar magistrados, empresários e representantes de entidades do Terceiro Setor de 16 países, de 8 a 11/3 para criar uma "Aliança global para o fim da violência contra a mulher". O Juiz Lorea viajou e participou do encontro a convite do Departamento de Estado dos Estados Unidos Unidos.

Além do Governo local, promoveram o seminário o Instituto Vital Voices e a Fundação para a Mulher Avon. Dentre os presentes, além do Governo americano, representantes do Egito, Jordânia, Argentina, China, Rússia, Colômbia, Índia, Brasil, Libéria, República Tcheca, Turquia, México, África do Sul, Congo e Cambodja.


Juiz Lorea no seu gabinete de trabalho

O magistrado fez parte da delegação brasileira formada ainda por representante do Ministério da Justiça e dos Institutos brasileiros Avon, Patrícia Galvão e Promundo. Considera o magistrado que a violência doméstica contra a mulher é um fenômeno mundial - "Todas as sociedades e culturas apresentam o mesmo problema", afirmou. "Talvez em sociedades mais desiguais se agrave a situação das mulheres, mas ela é ruim também em sociedades como as dos Estados Unidos ou as localizadas na Europa", disse.

Comparando a situação brasileira com outros países, o juiz observa que "a Lei Maria da Penha é uma legislação muito boa e bastante moderna e contempla o atendimento às mulheres de forma muito eficaz. O que se percebe é que em alguns países não há uma legislação específica e em outros há uma legislação, mas não há uma Vara ou uma Corte especializada, como no caso do Brasil - neste contexto internacional, estamos em um excelente caminho porque temos uma ótima legislação e começamos a implementar as varas especializadas". Contudo, continuou, "se observa também que há necessidade de maior implementação desta legislação e este é o nosso desafio".

O evento em Washington serviu para criar uma rede mundial contra a violência contra a mulher. "Temos que estar preparados para um aumento da demanda - a Vara da Violência Doméstica foi criada há dois anos e meio em Porto Alegre está com 10 mil processos e vai chegar a 20 mil processos facilmente".

O grupo chegou concluiu que é importante mobilizar os homens na prevenção da violência doméstica, conta. "Normalmente temos as mulheres sendo agredidas por companheiros do sexo masculino - casos diferentes têm números bem menores, como entre lésbicas, e este é um quadro mundial".

Já são 43 os Juizados no país, segundo dados recentemente divulgados pelo Conselho Nacional de Justiça. O Juiz Lorea comemora a criação pelo Estado de São Paulo de mais nove varas de uma vez só. “Seria importante que aqui no RS também se ampliasse o número de Varas porque uma Vara com 10 mil processos desta natureza não pode funcionar adequadamente – e quando aumenta muito a quantidade, a qualidade fica prejudicada”.

A Avon que é uma das entidades promotoras do encontro em Washington tem uma forte atuação no Brasil, relatou o magistrado, e é conhecida a campanha contra o câncer de mama. “Agora”, disse, “está se voltando contra a violência contra a mulher”. E será interessante porque a Avon tem mais de 1 milhão e 300 mil representantes no Brasil, o que por si só assegura impacto a qualquer programa que desenvolva.

A Secretária de Estado, Hilary Clinton, participou de um evento na programação. Durante um dia do seminário as atividades foram realizadas todas no próprio Departamento de Estado, correspondente no Brasil ao Ministério das Relações Exteriores.

O Juiz de Direito Lorea respondeu ainda as seguintes perguntas:

Pergunta - Violência sexual, violência doméstica e tráfico de mulheres – tudo está interligado. Como os países em geral têm enfrentado estas questões?

Juiz Roberto Arriada Lorea - Alguns países não têm varas especializadas em violência doméstica, mas tem tráfico de mulheres. Aqui no Brasil, no nordeste, este problema é notório. E estas realidades estão todas interligadas. Violência doméstica faz com que uma jovem, uma adolescente, saia de casa e pode acabar vítima de uma situação de tráfico de mulheres. Já é de se pensar em especializar alguma vara principalmente na região do Nordeste brasileiro.

Outra questão importante e consensual é que o enfrentamento a estas questões deve ser feito localmente. Por exemplo, podemos pensar em intervir na realidade de Porto Alegre, o que seria mais realista do que pensamos em situações nacionais, dada a diversidade de realidade. Claro que um primeiro enfrentamento pode ser nacional como uma campanha para os homens se engajarem, mas alguma intervenção mais eficaz e proveitosa deve ser pensada no local dos fatos. Nós refletimos sobre isso lá.






Ivânia Pereira